Linhas de Pesquisa
Linha de Pesquisa 1: Cultura, Identidades e Linguagens
A linha 1 aborda a complexa história das práticas que moldam significados, representações e a formação de identidades. Ela engloba uma ampla gama de tópicos, incluindo o estudo das relações étnico-raciais, as experiências da escravidão e as estratégias de luta pela liberdade, assim como o papel dos negros, indígenas e seus descendentes na história nacional. Além disso, investiga as relações de gênero, examinando como a sociabilidade e a vida cotidiana são influenciadas pela construção de identidades de gênero, que incluem masculinidades, feminilidades, homossexualidades, transgeneridades, entre outras.
A linha também se dedica a pesquisas sobre o corpo, explorando os significados socioculturais associados a ele, as práticas de uso corporal (incluindo esportes) e as representações que o cercam. Além disso, investiga as identidades geracionais, problematizando a infância, a juventude, a fase adulta e a terceira idade.
Outros projetos relacionados à linha incluem a análise de narrativas identitárias que abordam questões locais, regionais, nacionais e outros recortes de territorialidade, bem como o estudo das práticas culturais e sociabilidades urbanas. Além disso, a linha se interessa por projetos de pesquisa que utilizam fontes orais para explorar tradições e memórias como estratégias de enfrentamento e construção de identidades. Por fim, a pesquisa também se concentra em várias modalidades de linguagem, como a oralidade, textos literários, artefatos audiovisuais e objetos iconográficos, explorando seu significado prático e representativo como expressões culturais.
Professores Relacionados – Linha de Pesquisa 1:
- Dr. Aldo José Morais Silva
- Dra. Ana Maria Carvalho dos Santos
- Dra. Andréa da Rocha Rodrigues Pereira Barbosa
- Dr. Clóvis Frederico Ramaiana Moraes Oliveira
- Dra. Elciene Rizzato Azevedo
- Dr. Luís Vitor Castro Júnior
- Dr. Marcial Cotes (Colaborador)
- Dra. Maria Aparecida Prazeres Sanches
- Dr. Rinaldo Cesar Nascimento Leite (colaborador)
Linha de Pesquisa 2: Cultura, Sociedade e Política
Na linha 2, encontramos uma ampla variedade de pesquisas interligadas. Estas investigações abordam o movimento operário e a memória das lutas sociais no século XX, explorando questões relacionadas à experiência e à consciência dos grupos sociais subalternos, bem como às diferentes maneiras de manifestação política dos conflitos sociais no Brasil. Além disso, há estudos abrangentes de história política que se concentram em sujeitos, partidos, instituições e instâncias de poder em níveis local, estadual e nacional. Também são contempladas pesquisas sobre o campo religioso brasileiro e as representações coletivas do sagrado, com um olhar atento para as diversas formas de manifestação da religiosidade. Outros projetos investigam sujeitos, práticas e instituições envolvidos na produção e disseminação do conhecimento científico, bem como no processo de profissionalização das ciências. Além disso, existem estudos que abordam propostas e experiências relacionadas à educação como política pública, estratégia para promover o desenvolvimento regional/nacional e como uma questão social, juntamente com análises das histórias institucionais das unidades de ensino. Também são realizadas discussões relacionadas ao ensino de História em diversos períodos da história brasileira, assim como pesquisas sobre povoamento, estrutura fundiária e produção econômica no sertão da Bahia.
Professores Relacionados – Linha de Pesquisa 2:
- Dr. Brian Gordon Kibuuka
- Dra. Cristina Ferreira de Assis
- Dr. Carlos Augusto Lima Ferreira
- Dra. Elizete da Silva
- Dr. Eurelino Teixeira Coelho Neto
- Dr. Fábio Santana Nunes
- Dr. Igor Gomes Santos (Colaborador)
- Dr. José Augusto Ramos da Luz
- Dr. Rodrigo Osório Pereira
História, Cultura e Poder
Os historiadores do Programa de Pós-graduação em História (PGH) concebem suas pesquisas a partir de duas dimensões interconectadas: a primeira delas é a cultura, pensada como modos de vida traduzidos em artefatos (a arte, a cultura material…) e ações (rituais, hábitos, regras…), mas também como práticas e representações construídas, compartilhadas e continuamente ressignificadas. Considera-se que a cultura molda e é moldada pelos sujeitos históricos em processos tensos e contínuos que ganham visibilidade nas formas de agir, pensar e sentir cotidianas. É, pois, no campo da História que as práticas culturais ganham inteligibilidade. Nesta perspectiva procuramos pluralizar o raio de ação dos sujeitos, seus lugares sociais e suas múltiplas relações, com o objetivo de, valorizando as suas dinâmicas em perspectiva histórica, perceber consensos, estratégias e conflitos engendrados por suas experiências. Nesse sentido, entendemos que a cultura, historicamente dimensionada, franqueia aos pesquisadores possibilidades de esquadrinhar desde consensos e estratégias de sociabilidades a conflitos e formas de pertencimento em perspectivas de classe, gênero, étnico-racial, geracional e institucional, bem como aquelas formas relacionadas às disputas por narrativas de identidade local, regional ou nacional.
A segunda dimensão definidora da nossa área de concentração diz respeito ao poder. Poder é aqui entendido em perspectiva relacional, isto é, como o conjunto de relações que produzem formas de subordinação e insubordinação, de ordem e contestação na sociedade. Assim concebidas, as práticas de poder se disseminam pelo conjunto da vida social, traduzindo-se inclusive em manifestações de micropoderes, mas, ao mesmo tempo, se adensam em relações, práticas e instituições políticas determinadas. Tal opção nos leva a considerar a historicidade, a multiplicidade e a complexidade das práticas de poder e os distintos lugares sociais que elas desenrolam, suas dinâmicas e modalidades de exercício, isto é, seus múltiplos campos, redes e efeitos em diferentes lugares e épocas. É por esta perspectiva que nos interessamos pelas lutas, formas de organização política e movimentos sociais construídos por sujeitos históricos em diferentes contextos. Também nos interessam os modos de inscrição e representação política dos conflitos sociais materializadas no Estado, bem como em outras instituições como as religiosas, científicas e educacionais.
Poder e cultura, porém, ainda que proponham problemáticas específicas em seus próprios campos, não são concebidas na definição da área de concentração como exteriores um ao outro, mas como dimensões mutuamente implicadas. A história é vivida pelos sujeitos como uma experiência que se funda no cruzamento e interação entre as mais variadas dimensões da existência social. Eis porque as diferentes dinâmicas culturais podem ser vistas como dispositivos inscritos em certas relações de poder (e vice-versa). Na historiografia contemporânea a tentativa de pensar esta multidimensionalidade traduz-se em conceitos tão diversos como experiência, identidades, campo, representação e hegemonia, dentre outros. Ainda que desenvolvidos a partir de distintos quadros teóricos e certamente guardando entre si diferenças significativas, estes conceitos sinalizam a nossa procura por um conhecimento histórico distante de reducionismos e simplificações e mais próximo da pluralidade e riqueza da própria História.